domingo, 3 de maio de 2015

Again






Gotas de chuva fria na janela e, novamente, seus traços 
em leves sopros mornos de bem-querer.
Chuva que tantas vezes lavou nossos passos, baby, hoje
me chega com cheirinho de roupa limpa, de estradas   e
madrugadas, de cartas perfumadas.
Resgato os muitos segredos contidos em nossas conversas,
nos poemas declamados, naquela música ao longe...
E revivo o momento que nunca mais será: um tempo só nosso,
tempo em que fizemos a opção de simplesmente ser, intensamente vivido.
E nesse momento de saudade, de lembranças feito o rosto de alguém, eis 
que surge sua presença amiga a me envolver, como o aconchego
de uma tarde de chuva.
Como são comoventes esses momentos de silêncio e solidão , quando consultamos
a memória rica de nossas lembranças. No entanto, amor não se pede, baby.
Amor se perde! Uma pena.
E, sendo assim, todas histórias de amor me parecem iguais. 
Como dizia Álvaro Campos: 'Todas as cartas de amor são ridículas!
A verdade é que hoje as minhas memórias dessas cartas de amor é que são ridículas'.
De qualquer forma, as gotas de chuva voltarão e, em todas as vezes, sentirei que valeu
a pena suportar a dor da ausência. Será nesses momentos que os sonhos irão regar 
uma existência sem sentido, ao conservar um pouco de amor platônico dentro de 
um amor que um dia foi correspondido.

Maria Lúcia de Almeida