segunda-feira, 14 de julho de 2014

Brasil 1 x Alemanha 7



E ficamos assim...no nosso canto, encolhidos, humilhados, mergulhados no aborrecimento, pedindo a Deus uma nova chance.
E vem o segundo jogo, mas  a chance não veio...
Pedimos então a Deus uma economia, uma bolsa de estudos que nos permita o exílio e o esquecimento. Mas nem isso é possível. E se fosse, pra que? Pátria não se arranca do peito feito tiririca.
Culpamos o governo, a carestia, a falta de hospitais e de escolas, os políticos corruptos, a presidenta. Amamos, detestamos, zombamos, xingamos, a quem merece e a quem o coração pede...
E no final, o que acontece? Enchemo-nos novamente de esperança para a próxima copa do mundo.
Porque Pátria, ai, diga-se também que Pátria é uma dor no peito que nunca esmorece.

Maria Lúcia de Almeida

sábado, 12 de julho de 2014

Impossível Convivência


Dizem que a tolerância é virtude para os fracos.
Se assim for, fraca é o que tenho sido minha vida inteira por tolerar, e até perdoar, alguns conhecidos que se dizem muito  religiosos. Tolerante, por exemplo, com aquela senhora que “bate os joelhos no chão e a mão no peito" na hora de pedir dádivas para si e para os filhos, aquela que comparece todos os domingos à missa e, ajoelhada aos pés do confessionário, se diz cumpridora de seus deveres e obrigações, verdadeiramente  arrependida de seus pecados. No entanto, essa mesma senhora , no seu dia-a-dia, adora julgar o próximo. E julga mal, malicia, condena, fofoca, inveja, e , principalmente, levanta falso testemunho. Tão intransigente até mais que  a própria Igreja Católica, ela não se apieda de ninguém. 
Seria então a intolerância a virtude dos fortes? Assim, como a tal senhora,: tão atenciosa, tão religiosa, e tão impiedosa, a pobre diaba! E que não cheguem muito perto, pois a “mordida” pode ser fatal.
A tolerância só seria bom entre iguais, fiada na boa fé, recíproca. Mas  que ninguém se engane: vivemos lado a lado com o nosso inimigo, com nosso delator, com o nosso carrasco. Não podemos ter cordialidade nem mesmo com alguns parentes, pois se entrou disputa de bens materiais no meio da convivência, essa já azedou. Não há entendimento possível, ou são eles, ou somos nós, nada que justifique ilusões de fraternidade e de bondade. Representam de fato, uma ameaça à nossa integridade moral, à nossa sobrevivência. 
Quem for forte, que se prepare para a briga, que cedo ou tarde há de chegar. Eu, que sou fraca e que não brigo, só posso prometer vigiar, fugir e denunciar. Denunciar é preciso, é a nossa defesa.
E minha mão a eles não dou nunca mais. Minha palavra de amizade, isso não dou mesmo. Não dou nem bom-dia, e se puder evitar, sequer direi  “amém” quando espirram.

Maria Lúcia de Almeida