sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Para lembrar






A vida
Como um tempo
Um sopro
Um alento
Um recado
Passado
Aos quatro ventos.
A vida
Como um instante
Um momento
Presente
Que nunca mais será.

Maria Lúcia de Almeida

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Só mais essa vez






Naquele momento
Não se sabia
Se era só saudade
Ou se mesclava ternura
Uma dor transitória
Que com a tarde se despedia.

Naquele momento de tantas dúvidas
- qual era mesmo a alternativa? -
Era você ou só você
Ou se levanta ou agoniza.

Naquele momento
O tempo passou.
Não havia mais desculpas.


Maria Lúcia de Almeida

domingo, 3 de maio de 2015

Again






Gotas de chuva fria na janela e, novamente, seus traços 
em leves sopros mornos de bem-querer.
Chuva que tantas vezes lavou nossos passos, baby, hoje
me chega com cheirinho de roupa limpa, de estradas   e
madrugadas, de cartas perfumadas.
Resgato os muitos segredos contidos em nossas conversas,
nos poemas declamados, naquela música ao longe...
E revivo o momento que nunca mais será: um tempo só nosso,
tempo em que fizemos a opção de simplesmente ser, intensamente vivido.
E nesse momento de saudade, de lembranças feito o rosto de alguém, eis 
que surge sua presença amiga a me envolver, como o aconchego
de uma tarde de chuva.
Como são comoventes esses momentos de silêncio e solidão , quando consultamos
a memória rica de nossas lembranças. No entanto, amor não se pede, baby.
Amor se perde! Uma pena.
E, sendo assim, todas histórias de amor me parecem iguais. 
Como dizia Álvaro Campos: 'Todas as cartas de amor são ridículas!
A verdade é que hoje as minhas memórias dessas cartas de amor é que são ridículas'.
De qualquer forma, as gotas de chuva voltarão e, em todas as vezes, sentirei que valeu
a pena suportar a dor da ausência. Será nesses momentos que os sonhos irão regar 
uma existência sem sentido, ao conservar um pouco de amor platônico dentro de 
um amor que um dia foi correspondido.

Maria Lúcia de Almeida

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Busca



Obcecada por você
Procuro.
Procuro por seus poemas 
Mas nada encontro.
Seria Inverno, Inferno, quem sabe um outro sobrenome?
Um anjo torto, talvez louco
Parece ser, mas tão incerto. 
E a busca continua
Palavra por palavra ou pétala por pétala
Quase sempre um 'não me quer'.
Mas eis que a resposta estava no tempo:
Um 'bem me quis' lá do passado
Com perfil, nome e codinome:
Inferno.
Gotcha!
"Terezinha de Jesus, quem sair por último apaga a luz".

Maria Lúcia de Almeida

quarta-feira, 25 de março de 2015

Muda a estação e a poesia.


O vento na tarde se faz outono
Na espera da suavidade do frio.
Alguns sonhos em flor desvanecem
E buscam na alma o agasalho.


Maria Lúcia de Almeida

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Senhor Tempo




A estrada é longa
E se leva tempo para percorrer
Assim, como uma aprendiz, 
Sigo a procura de mim.

Mas não pretendo ir tão longe
Pois todo longe é demais.
O passado fica cada vez mais lento
É preciso esquecer quanto tempo faz.

Maria Lúcia de Almeida