quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Segredos





Folhas ao vento
Levem meu recado.
Contem todas
As minhas lembranças
Meus segredos
Meus medos
Minha esperança
De alguém que um dia partiu,
mas que por lá permaneceu
Entre a noite e o dia,
Ao meio.

Maria Lúcia de Almeida

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sensações


Um certo livro
Um pouco de brisa
Uma garoa fina de verão
Borrifando de perfume o acaso.

- Deliciosas sensações de bem estar -

Naquela tarde,
Um olhar de esperança
Pairou sobre os sonhos
E tudo o mais só foi detalhe.

Maria Lúcia de Almeida




domingo, 14 de dezembro de 2014

Quase amor




Quando o frio encontra a noite
Em um azul - mais azul que de Van Gogh -
Entre estrelas cintilantes
Sou abrigo e travessia.
Sublime desvario
Das lembranças que nos une
Sou esse silêncio
Repleto de versos e rimas.

Maria Lúcia de Almeida

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Supernova


Minha alma
Supera limites
Desafios
Profundidades.
- Supernova -
Minha descoberta
Escrita nos céus.
Brilhante como em sonhos,
Cria enlaces
Como o mar
Unindo ao céu.

Maria Lúcia de Almeida


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Caminhos



Caminhar pela tarde
Colhendo momentos
Recordações de um tempo feliz.
Assim como o vento,
Lembranças me levam de volta
Ao caminho que carrego por dentro
E que jamais esqueci.

Maria Lúcia de Almeida




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Fruto da liberdade



O vento pode soprar em você
mil palavras.
Mas palavras... 
São sempre palavras
Se perdem nas asas do tempo.
Força capaz de transformar o mundo:
O silêncio.
Fruto da liberdade
Guardião de nossos segredos.

Maria Lúcia de Almeida


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Recordações


Nuvens de lembranças
São atalhos
Sinais a me guiar pelo caminho.
Lugar mágico
Que a imaginação redescobre
- recortes de saudade -
Entre as noites e os dias.

Toda a magia da viagem
Em mim carrego:
Foi riso, foi choro
Foi tristeza, foi alegria
Aromas fugazes, breves momentos
Certo alguém de minha história.

E nessa viagem das recordações
- que o tempo não apaga -
Sigo em sintonia com o vento:
Vou semeando a minha paz,
Vou colhendo poesia.


Maria Lúcia de Almeida

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cantigas de viver


No ar
Os perfumes do inverno
Vão compondo
Cantigas de viver
Que a chuva traz.
Ora sou música,
Ora danço
Nas águas que se desmancham
Sem deixar vestígios
- numa clara certeza repetida -
De que sempre haverá
Um novo começo.

Maria Lúcia de Almeida

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Brasil 1 x Alemanha 7



E ficamos assim...no nosso canto, encolhidos, humilhados, mergulhados no aborrecimento, pedindo a Deus uma nova chance.
E vem o segundo jogo, mas  a chance não veio...
Pedimos então a Deus uma economia, uma bolsa de estudos que nos permita o exílio e o esquecimento. Mas nem isso é possível. E se fosse, pra que? Pátria não se arranca do peito feito tiririca.
Culpamos o governo, a carestia, a falta de hospitais e de escolas, os políticos corruptos, a presidenta. Amamos, detestamos, zombamos, xingamos, a quem merece e a quem o coração pede...
E no final, o que acontece? Enchemo-nos novamente de esperança para a próxima copa do mundo.
Porque Pátria, ai, diga-se também que Pátria é uma dor no peito que nunca esmorece.

Maria Lúcia de Almeida

sábado, 12 de julho de 2014

Impossível Convivência


Dizem que a tolerância é virtude para os fracos.
Se assim for, fraca é o que tenho sido minha vida inteira por tolerar, e até perdoar, alguns conhecidos que se dizem muito  religiosos. Tolerante, por exemplo, com aquela senhora que “bate os joelhos no chão e a mão no peito" na hora de pedir dádivas para si e para os filhos, aquela que comparece todos os domingos à missa e, ajoelhada aos pés do confessionário, se diz cumpridora de seus deveres e obrigações, verdadeiramente  arrependida de seus pecados. No entanto, essa mesma senhora , no seu dia-a-dia, adora julgar o próximo. E julga mal, malicia, condena, fofoca, inveja, e , principalmente, levanta falso testemunho. Tão intransigente até mais que  a própria Igreja Católica, ela não se apieda de ninguém. 
Seria então a intolerância a virtude dos fortes? Assim, como a tal senhora,: tão atenciosa, tão religiosa, e tão impiedosa, a pobre diaba! E que não cheguem muito perto, pois a “mordida” pode ser fatal.
A tolerância só seria bom entre iguais, fiada na boa fé, recíproca. Mas  que ninguém se engane: vivemos lado a lado com o nosso inimigo, com nosso delator, com o nosso carrasco. Não podemos ter cordialidade nem mesmo com alguns parentes, pois se entrou disputa de bens materiais no meio da convivência, essa já azedou. Não há entendimento possível, ou são eles, ou somos nós, nada que justifique ilusões de fraternidade e de bondade. Representam de fato, uma ameaça à nossa integridade moral, à nossa sobrevivência. 
Quem for forte, que se prepare para a briga, que cedo ou tarde há de chegar. Eu, que sou fraca e que não brigo, só posso prometer vigiar, fugir e denunciar. Denunciar é preciso, é a nossa defesa.
E minha mão a eles não dou nunca mais. Minha palavra de amizade, isso não dou mesmo. Não dou nem bom-dia, e se puder evitar, sequer direi  “amém” quando espirram.

Maria Lúcia de Almeida

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Aprendi com o silêncio



"Aprendi com o silêncio que a solidão não é o pior castigo.
Existem companhias bem piores.
Aprendi com o silêncio que a vida é boa, que nós precisamos olhar para o lado certo,
ouvir a música certa, ler o livro certo.
Aprendi com o silêncio a reparar nas coisas mais simples,valorizar o que é belo,
ouvir o que faz algum sentido."

Paulo Roberto Gaefke

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Fotografias



Se não fosse a fotografia
Vencendo sucessivos planos
Como saberíamos de um tempo
Tal e qual imaginamos?
É prolongar na vida
A lembrança e a saudade
- amor, amizade, cumplicidade, paixão -
Tudo cabendo ali,
Na presença e na memória
Estampada no eterno instante.

Maria Lúcia de Almeida

quarta-feira, 5 de março de 2014

Um carnaval, Uma fantasia...



Porque era sábado de carnaval. 
Porque era preciso cair na folia, inventar a fantasia, reinventar a alegria e brincar. Até (com) a morte?
E no embalo das marchinhas de carnaval, lá ia a moça desfilando, empostada em sua macabra fantasia.
Dos pés ao ombro era uma mulher como as outras, livre e solta em seu vestido de renda. Mas a máscara que encobria seu rosto era muito branca, que nem anjos de mármore, que nem boneca empalhada. A boca costurada e o olhar pintado de negro, distante, como luz pela vidraça, lembrava o silêncio das covas, lembrava a cara da morte.
O conjunto não era feio, nem assustador. Era antes comovente e esperado, pois no carnaval - vivos e mortos - todos nos sentimos unidos, companheiros e misturados. Até trazia no alto da cabeça um bonito arranjo de flores, servia - quem sabe - para alertar que no cemitério deveriam se plantar menos homens e mais flores. 
Destemida na aparência, seguia a moça a brincar e a brindar com a vida, tão naturalmente como a própria morte.
Alguns curiosos indagavam: - Seria essa uma alma errante? Ou quem sabe uma pessoa de palavras maliciosas, cujos poderes divinos costuraram-lhe a boca? 
Ah, essa sim seria a prova de que  poderes divinos realmente existem, mas nada se soube.
O fato é que de nada adiantaram os disfarces, pois o que mais mudou, foi o que não mudou nada. Empalhada ou costurada, eis que a moça passou por nós sem uma pausa de reconhecimento. Olhar ignorante e indiferente, estranha, uma simples cópia em carne e osso da pessoa de outrora que nos amou, que amamos, e que há tantos anos já desfila como morta.
E com ela lá se foi toda a esperança de um milagre, que -  talvez -  esse carnaval pudesse significar.  
"O Dia do Juízo Final", quando ao som de todas as trombetas (ou de todas as marchinhas) nos levantaríamos.E ali reunidos, num só grupo, novamente mortais e tão iguais, abraçaríamos uns aos outros, num ato de solidariedade e perdão, cientes de que não haveriam mais inimigos e nem intrusos. 

Maria Lúcia de Almeida