quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Escolhas Necessárias


Criei o costume de toda semana comprar sequilho com goiabada na padaria perto daqui de casa.
Comê-lo bebendo um café sem açúcar tornou-se, sem exagero, um dos momentos mais deliciosos da semana. Mas a goiabada me incomodava.
Não necessariamente ela, mas a pouca quantidade. Era um pingo no meio do sequilho. Reclamei na padaria , chamei o padeiro de USURA e tudo o mais.
Outro dia, voltando do trabalho, passei pela padaria e para minha sorte, disseram que havia um sequilho especial para mim. Lá estava, o meu sonho num sequilho de um real.
Quase completamente coberto de goiabada. Chegando em casa, preparado o café e toda a ritualística necessária para consumir o apetecível sequilho, ocorreu que não comi nem a metade.
Enjoei na segunda mordida, doce demais, chegava a dar náuseas.
Dia seguinte, cheguei na padaria e lá estava: outro sequilho coberto de goiabada. Ofereceram-me , e por vergonha de dizer que odiei o do dia anterior comprei.
Em casa, raspei a goiabada e comi. O problema, o inferno, não era a goiabada, nem o padeiro, era eu. Fui eu quem, amando o que amava, queria do meu jeito, sem entender que eu gostava era do jeito que era, porque se do me jeito fosse, eu rejeitaria, enjoaria e até tentaria fazê-lo voltar a ser como era.
Assim fazemos com as pessoas também. No início as amamos como são, depois que estão conosco, começamos a criticar, tentamos muda-las, tentamos ‘coloca-las do nosso jeito’, sem saber que nosso jeito são nossas projeções pessoas que não existem, e que se existissem, enjoaríamos delas.
Transformamos para descartar, porque quando aquela pessoa muda, muito provavelmente quem gostaríamos não está mais lá.
Essa semana voltei à padaria, pedi o sequilho sem goiabada e mandei avisar ao padeiro que a receita original dele é que era a boa e não minha versão.
Abençoados sejam meus amigos, cada qual a sua maneira e o seu jeito de ser.

Autor desconhecido.

Em homenagem à cada amigo que, com seu jeito diferente de ser, não devemos desprezar nem ignorar, muito menos querer mudar. Vamos amando uns aos outros e respeitando as diferenças. Mas se o amigo não entende o seu jeito de ser e insista em lhe dizer ‘adeus’ você também deve aceitar. São as escolhas necessárias que fazem parte de nossas vidas.

Maria Lúcia de Almeida