Sempre que penso nos anos de 2020 / 2021, penso num filme de ficção científica: “ Em uma galáxia, muito, muito distante...”, imagino-me
vivendo em um futuro próspero, em carros voadores, casas flutuantes, robôs e
viagens pelo espaço sideral.
No entanto, ao contrário do que penso ou imagino, a nossa
realidade nesses anos é bem outra, pois na era
em que a humanidade se encontra imersa em uma cultura digital, eis que
surge um vírus, vindo lá da China, que acaba por nos isolar em nossas casas. E
fecha escolas , restaurantes, bares, bancos, academias de ginástica, salas de
espetáculos e o comércio. Um vírus que chega nos causando grandes perdas, não
só de entes queridos e conhecidos, mas perdas em geral, de espaço, de tempo, de
planos e de certezas.
A pandemia do corona vírus não só isolou as pessoas em suas
casas, mas também fechou as fronteiras entre países. E, numa época em que
impera o individualismo, o egocentrismo, surge um vírus que nos faz pensar e repensar a realidade. Um vírus que nos deixa com uma profunda
sensação de solidão, enquanto nos mostra
o quanto precisamos uns dos outros e que,
querendo ou não, somos e fazemos parte de um todo, um todo que precisa
ser salvo.
A pandemia do corona vírus tem nos feito encarar a realidade
e concluir que é impossível continuarmos seguindo o mundo da mesma forma. Precisaremos
antes de mais nada da cooperação em escala global. Teremos que sair do
isolamento e do individualismo para um sentimento forte de coletividade. A educação deverá ser voltada e orientada para a
solidariedade e a cooperação. Haverá, mais do que nunca, a necessidade de
uma nova consciência voltada, principalmente, para a criação de um escudo
universal que proteja e imuniza todos os membros da comunidade humana.
O fato é que estamos sendo forçados a perceber que um vírus,
apesar de microscópio, pode ser maior do que todos nós, e que no futuro precisaremos
nos adaptar de forma rápida a uma nova realidade, pois o mundo de antes, o
mundo individualista dos interesses mesquinhos e do ‘salve-se quem puder’, felizmente, jamais retornará.
Maria Lúcia de Almeida