domingo, 13 de abril de 2025

O Tempo

 



O tempo escorre entre os dedos como areia fina, e cada segundo é um sussurro antigo que se desfaz no vento. 
Os dias dançam em círculos e adormecem em crepúsculo, enquanto envelhecemos devagar, sem perceber, como pedra que o rio suavemente molda. 
O tempo não grita, não pede licença. Ele apenas passa, bordando rugas na pele e saudade no peito, deixando o cheiro doce do que já foi é o silêncio curioso do que virá. 
Ainda assim, há beleza em sua marcha lenta e certa — pois tudo que é eterno demais, esquece como é ser belo.

Maria Lucia de Almeida