O tempo escorre entre os dedos como areia fina, e cada segundo é um sussurro antigo que se desfaz no vento.
Os dias dançam em círculos e adormecem em crepúsculo, enquanto envelhecemos devagar, sem perceber, como pedra que o rio suavemente molda.
O tempo não grita, não pede licença. Ele apenas passa, bordando rugas na pele e saudade no peito, deixando o cheiro doce do que já foi é o silêncio curioso do que virá.
Ainda assim, há beleza em sua marcha lenta e certa — pois tudo que é eterno demais, esquece como é ser belo.
Maria Lucia de Almeida