Não me perguntem quantos anos tenho
Não me perguntem quantos anos faço
Meus caminhos começam
além da margem de lá, depois da curva do rio
entre pedras e cachoeiras,
entre esmeraldas, futuro e taquarais.
Que não lhe impressionem a cor gasta de meus cabelos,
nem estes olhos fundos, fundos e profundos,
e a pele que em rugas guarda os segredos que vivi.
Não me perguntem quantos anos faço.
Perguntem-se que canções canto, que poemas leio,
que histórias escrevo.
Perguntem-me quem se aquece em meu braço febril,
quem se alimenta de meus beijos,
quem se apoia em minhas mãos cansadas.
Perguntem-me pelos portos que me aguardam,
pelas emoções que vivo,
pelos caminhos que surgem de meus devaneios.
Perguntem-me pelos clichês que desconstrui,
pelas transgressões que empreendi,
pelos horizontes que ultrapassei.
E quando me virem caminhando assim
entre silêncios e pensares,
olhar distante numa falsa abstração,
apontem-me como alguém que ainda ama,
sonha, luta, espera e crê.
Então, só então, digam:
ali vai uma jovem, para quem todo amanhecer
é sempre inaugural porque acredita
que enquanto houver vida,
não haverá ponto final.
Arlete Parrilha Sendra
(Membro da Academia Campista de Letras)
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