Nuvens carregadas, vento frio, sinal de muita chuva...
Pela janela do meu quarto observo o quão cinza é a cor da tarde de domingo.
Numa tarde assim o espírito torna-se receptivo a tudo e, um pouco mais, aos tristes sentimentos de mágoa.
Por que será que há sempre alguém magoando alguém? Por que se tornou tão fácil apontar defeitos, discriminar afetos, criar ressentimentos?
Nunca tantas pessoas têm evitado a ansiedade e a angustia, inerentes ao autoconhecimento, preferindo mudar as regras do jogo. Ao invés do elogio que humaniza e dá sentido à vida, preferem a crítica ou, ainda pior, o deboche.
Para que serve a crítica? Basicamente, para que não se corra o risco de sentir-se de forma diferente. Tão somente espelho a refletir, pois a vaidade, a arrogância e a soberba nascem precisamente da falta de amor por si mesmo e esconde uma ferida narcísica de impotência e humilhação. Exaltar o mortal veneno e dizer que busca a verdade jamais será solução de sobrevivência. Entretanto, seguir o caminho inverso ao da crítica é uma maneira de fortificar a solidariedade, incentivando o melhor que existe em cada ser humano. Dar um elogio é uma forma de afago e carinho, tem como objetivo sentirmos queridos e amados, e não implica em dívida nem tão pouco em crédito. Ir da crítica ao elogio é ousar a possibilidade do amor. Em realidade, necessitamos de humildade para adquirirmos o verdadeiro orgulho de sermos quem somos. Fazer brotar a centelha divina que dá ânimo para seguir adiante, enfrentar as durezas da vida e, quem sabe, até arriscar um simples bater de asa no céu, uma cantiga de ave, um atrevimento de vôo...
De súbito, a chuva cai forte acordando-me do devaneio, do balançar entre a inquietação e a paz que só existe nos corações sensíveis. Da lembrança surgem as brigas do tempo de criança quando uma dizia a outra: ‘o que vem de baixo não me atinge’ e em seguida: ‘ah, então senta em cima de um formigueiro’.Duas frases ingênuas, mas que têm um certo um fundamento. Já pensando em fugir de alguns ‘formigueiros’, busco pelo poder miraculoso de transformação do elogio nas palavras adequadas que os mestres sussurram aos meus ouvidos. A eles credito os meus acertos. E de volta à tarde de vento e chuva, busco pelo aconchego, na certeza de que em breve, quando menos esperar, um novo raio de sol vai despontar.
Maria Lúcia de Almeida
Pela janela do meu quarto observo o quão cinza é a cor da tarde de domingo.
Numa tarde assim o espírito torna-se receptivo a tudo e, um pouco mais, aos tristes sentimentos de mágoa.
Por que será que há sempre alguém magoando alguém? Por que se tornou tão fácil apontar defeitos, discriminar afetos, criar ressentimentos?
Nunca tantas pessoas têm evitado a ansiedade e a angustia, inerentes ao autoconhecimento, preferindo mudar as regras do jogo. Ao invés do elogio que humaniza e dá sentido à vida, preferem a crítica ou, ainda pior, o deboche.
Para que serve a crítica? Basicamente, para que não se corra o risco de sentir-se de forma diferente. Tão somente espelho a refletir, pois a vaidade, a arrogância e a soberba nascem precisamente da falta de amor por si mesmo e esconde uma ferida narcísica de impotência e humilhação. Exaltar o mortal veneno e dizer que busca a verdade jamais será solução de sobrevivência. Entretanto, seguir o caminho inverso ao da crítica é uma maneira de fortificar a solidariedade, incentivando o melhor que existe em cada ser humano. Dar um elogio é uma forma de afago e carinho, tem como objetivo sentirmos queridos e amados, e não implica em dívida nem tão pouco em crédito. Ir da crítica ao elogio é ousar a possibilidade do amor. Em realidade, necessitamos de humildade para adquirirmos o verdadeiro orgulho de sermos quem somos. Fazer brotar a centelha divina que dá ânimo para seguir adiante, enfrentar as durezas da vida e, quem sabe, até arriscar um simples bater de asa no céu, uma cantiga de ave, um atrevimento de vôo...
De súbito, a chuva cai forte acordando-me do devaneio, do balançar entre a inquietação e a paz que só existe nos corações sensíveis. Da lembrança surgem as brigas do tempo de criança quando uma dizia a outra: ‘o que vem de baixo não me atinge’ e em seguida: ‘ah, então senta em cima de um formigueiro’.Duas frases ingênuas, mas que têm um certo um fundamento. Já pensando em fugir de alguns ‘formigueiros’, busco pelo poder miraculoso de transformação do elogio nas palavras adequadas que os mestres sussurram aos meus ouvidos. A eles credito os meus acertos. E de volta à tarde de vento e chuva, busco pelo aconchego, na certeza de que em breve, quando menos esperar, um novo raio de sol vai despontar.
Maria Lúcia de Almeida
2 comentários:
Maria Lúcia, Vc escreve bem, heim!!! Sensibilidade e criantividade vc trasmite...Parabéns!!! Ganhaste um fã! Click, stop, fui!!!!(Tiago Caldeira)
Seu texto emana perfumes delicados de sua alma! Você tem sido para mim ,aquilo que exalta em sua crônica:"o carinho a valorização do outro". Há pessoas que sentem prazer em atingir o outro, colocando-o para baixo, infelizmente.São , na verdade, demonstrações de que algo incomoda!
E a elas , não devemos dar crédito!
tão melhor falar do bom, do belo!
Beijos.
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