Nas ruas, só o silêncio.
A madrugada morna deslizava leve, com o sopro doce de uma brisa que trazia no ar o cheiro do verão. Mas não era só isso — havia algo mais.
Os perfumes da noite se misturavam como lembranças: flor noturna, asfalto quente, vento de chuva e um quê de saudade.
Para ela, aquela cidade era mais que cenário,
era alma gêmea.
Tinha cheiro de liberdade, mistério, cumplicidade... e paixão.
Somente ali, só ali, os sentimentos ganhavam forma e aroma.
A cada esquina, um sussurro do passado,
a cada sombra, um beijo que não voltaria.
Foi ali, entre luzes tímidas e o silêncio cúmplice,
que uma alma e uma cidade se despediram.
Sem lágrimas, mas com hora marcada.
Um último encontro bordado no tempo,
antes do eterno adeus.
Maria Lúcia de Almeida
Dezembro / 1991