segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Saudade de você


Falar sobre a saudade, esse misterioso sentimento que jamais saberemos ao certo definir.
É um lembrar de algum tempo gostoso que não se acomoda mais à pele nova, só na pele antiga, mas que toda vez que nos invade vem com cheiro e jeito de aconchego. É lembrar dos dias em que o trabalho não rendia e as horas custavam a passar.
Mas no final do dia, então sim, era desligar o computador, correr para retocar a maquiagem e renovar o perfume. As colegas de trabalho diziam com certo ar de inveja e deboche: “Aí, hein, hoje tem!”. E eu nem punha reparo. Era só expectativa e felicidade ao atravessar a praça em passos rápidos e esperar no lugar e hora combinados.
Chegava sempre pontual, aquele senhor cheiroso. Cheirava, principalmente, à fruta madura, talvez às maças no momento em que são colhidas. E sereno...de uma naturalidade pura, ainda intocada pela pressa dos que estão apaixonados.
Trazíamos no coração um só desejo: chegar depressa ao bar da rua Aimorés para compartilharmos de deliciosas horas da mais terna amizade, com muita prosa recheada de afinidade e encantamento.
Se por algum momento existiu a intenção do amor, ficou assim, para sempre subtendida.
Hoje penso que nunca nos importou um nome real para aqueles nossos encontros. Tão particularmente nossos, que jamais vamos precisar definir através de um nome.
Pois é...saudade tem que ser isso. Algo quente, algo antigo, algo que faz rir, algo que faz chorar, algo que vale ouro...Assim como você, meu querido e inesquecível amigo.

Maria Lúcia de Almeida

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