sábado, 6 de fevereiro de 2010

Entre amores e Amizades ( com uma potada de limão)



A vida, essa senhora imprevisível,  vive nos apresentando pessoas como quem oferece doces: embalagens bonitas, promessas de sabor. E a gente, famintos de afeto, aceitamos. 
Às  vezes é  bom.  Às  vezes amarga. Às  vezes tem gosto de promessa vencida, disfarçada com calda de chocolate.
Os amores costumam chegar com ar de eternidade, como se cada olhar fosse uma assinatura em contrato vitalício.  E tem  gosto de novidade e trilha sonora própria.  Mas, com o tempo, a música para. Os olhares mudam. E o que era 'para sempre' vira  'foi bom enquanto durou'. Costumam vir com declarações dignas de filme francês,  playlists feitas só  para os dois, mas basta um vento forte e ...cadê? Sumiu. Junto com seu livro predileto, seus sonhos e metade de sua autoestima. Às  vezes saem de mansinho, às  vezes batem a porta.
Com os amigos é  parecido, mas com menos coração  e mais razão. A gente os escolhe achando que são pilares, fundações  firmes para sustentar os dias ruins. Alguns são. Outros racham no primeiro abalo sísmico do destino.
Um dia você percebe que algumas amizades só funcionam quando a gente regava, mandava mensagens, marcava balada. Aí a gente resolve parar de correr atrás,  só  para ver no que dá.  E não  dá.  Uma discussão  boba, um silêncio prolongado, uma ausência que vira costume, e  quando a ficha cai, já  não estão  mais ali. Evaporaram. 
Mas a verdade é  que as decepções,  por mais dolorosas, afinam a alma. Agente aprende a ver os sinais: os silêncios que falam demais, os abraços que escondem distâncias,  os amores que querem mais aplausos que afeto. Aprendemos  também  a rir porque caso contrário,  viramos novela mexicana sem intervalo.
E o mais bonito de tudo? Mesmo depois de tantas quedas, a gente tenta de novo.
Ama de novo.
Confia de novo.
Rasga o coração,  remenda com linha torta e segue acreditando que, da próxima  vez vai ser diferente.
Porque somos assim. Teimosos, vivos, bobos.
Cheios de histórias  meio tristes, meio engraçadas,  mas cheias de verdades.
E no fim...se tudo mais falhar, ainda sobre poesia pra contar.

Maria Lucia de Almeida.

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